Antologia Pianística - Allegretto (A.Muller)

1 - Tema e Variazone
2 - Aria e Canzonetta
3 - Moderato e Allegretto
4 - Moderato, Allegretto e Arietta
5 - Scozzese, Allegro e Andantino

Contexto:

Recentemente comecei a usar meu tempo de estudo para estudar as músicas dos "Saltimbancos", que pretendo montar com o coro que trabalho, então os vídeos sobre este livro vão demorar mais para sair. Ainda mais que, a partir desta peça, as partituras começam a ficar um pouco maiores (embora continuem relativamente fáceis), o que faz com que seja um pouco mais trabalhoso e demorado pra gravar.

Descrição/ Análise:

 Uma coisa bacana de se notar nos estudos de análise é quais os recursos usados pelos compositores para "atrasar o final da música", ou seja, alongar a forma. Muitas vezes é feita uma falsa associação de que "peças maiores possuem formas mais complexas" mas isso nem sempre é verdade. Essa peça começa a demonstrar isso. Mesmo tendo praticamente o dobro do número de compassos da maioria das peças anteriores do método, sua forma é igualmente simples.

Ao meu ver, esta peça possui uma estrutura de um binário simples, pois apresenta duas partes separadas formadas pelo mesmo material.

A primeira parte são os primeiros 9 compassos que são divididos em duas frases, sendo cada uma destas frases a junção de 3 semifrases. Ambas as frases começam na tônica (Sol Maior) e terminam na Dominante (Ré Maior).

No começo da segunda parte (compasso 10), eu considero que a tonalidade modulou para Ré maior, não considero a modulação acontecendo no final da primeira parte apenas pela existência da barra de repetição, pois a volta ao início faz com que o último compasso da primeira parte ainda seja ouvido como dominante. Quando a segunda sessão se inicia na nova tonalidade, eu particularmente já escuto o Ré maior com uma função tônica. Então, ao meu ver, o processo modulatório se inicia no final da primeira sessão e se concretiza no começo da segunda.

A segunda parte possui duas sessões, uma sessão contrastante, constituída por duas frases de 3 semifrases cada e uma reexposição variada da primeira parte.

A sessão contrastante da segunda parte é a parte mais curiosa da música. Pois sua melodia é uma leve modificação do tema, mas a soma de contrastes quase nos leva a ouvir como um novo tema.

A melodia da sessão contrastante foi formada a partir da manutenção da primeira semifrase, a inversão da segunda e uma leve variação na terceira semifrase (mudança na direção entre as duas primeiras notas e adição de apogiatura no final da semifrase). Na segunda frase desta sessão são usados os acordes de Sol menor (atuando como subdominante menor) e o Acorde de 6ª aumentada Italiana (Mib, Sol e Dó#) atuando como "Dominante da dominante", para que a modulação de volta a Sol Maior possa acontecer. É interessante notar que o uso da subdominante menor não é necessário para esta modulação, mas é uma forma de aproximar a escuta da escala de Sol menor, para que o Mi bemol do acorde de 6ª aumentada não seja ouvida como uma nota estranha à escala.

Sua reexposição não é literal, pois o tema passa a ser conduzido pois as funções de melodia/ acompanhamento foi invertida na tessitura. Ou seja, o acompanhamento foi para o agudo e a melodia para o grave. Na segunda frase a tessitura volta ao original e a terceira semifrase é modificada para que possa encerrar na tônica.

Dificuldades/ Soluções

* Nesta peça, creio que a maior dificuldade seja separar as semifrases na execução. O fato do piano não permitir que você controle a dinâmica da nota após o ataque faz com que a separação entre a segunda e a terceira semifrases seja difícil de se ouvir. Para facilitar essa escuta, busquei usar leves crescendos e decrescendos no acompanhamento para tentar indicar a movimentação da frase durante as notas longas, assim como pequenos rubatos para separar as frases. Mesmo assim, no vídeo é possível perceber que nem sempre as frases são escutadas com a separação correta.

É isso aí, nos vemos no próximo post
Um abraço um pouco maior do que os anteriores
Augusto Girotto