2 - Aria e Canzonetta
3 - Moderato e Allegreto
4 - Moderato, Allegretto e Arietta
Contexto:
Nestas férias de janeiro eu estou extremamente entediado e sem ânimo de estudar de verdade. Então, para não cair no puro marasmo e ser minimamente produtivo, voltei a gravar este livro de pecinhas fáceis para pelo menos movimentar este blog que ninguém lê (se alguém realmente estiver lendo, manda um alô, porque a sensação é a de que eu escrevo para o nada).
Descrição/ Análise:
Esta Scozzese de Hummel possui forma de um binário composto A|B ( duas sessões diferentes com troca de material temático). A primeira sessão é composta de duas frases de quatro compassos, ambas terminando na tônica (Dó maior). O efeito de antecedente/ consequente, portanto se dá ao repouso melódico, ao invés de harmônico. Na primeira vez, o efeito de suspensão é causado pela melodia terminar de forma ascendente sobre a 5ªJ do acorde, na segunda vez, de forma descendente sobre a Tônica.
Na segunda sessão, uma sessão contrastante é apresentada. A melodia deixa de ser arpejos em staccato para dar espaço ao legatto em graus conjuntos. Para se aproximar da primeira sessão, a harmonia fica praticamente igual a da primeira sessão e a terceira voz mantém o motivo rítmico do acompanhamento.
Este Allegro, de compositor não indicado, também possui estrutura binária, porém sem troca de material melódico. Sendo, portanto, um binário simples A|BA.
O "A" indicado na fórmula acima se refere ao tema tocado em uníssono até a cadência sobre a tônica (Sol Maior) e o "B" à variação do tema com sobre acordes sustentados. Esta forma é particularmente interessante pois mostra como os resumos de análise formal não são tão preciso. Normalmente a fórmula A| BA é apresentada como um binário composto, pois o B seria uma sessão contrastante com troca de material melódico. Porém, nesta peça o efeito causado meramente pela troca de textura (uníssono x acompanhamento) já causa contraste suficiente para considerarmos um contraste, mesmo que o material usado para fazer a melodia seja o mesmo.
Então porque não A|A?
Porque como a melodia é reapresentada exatamente como foi mostrada no começo, precisamos diferencia-la na fórmula. Ou seja, a textura muda o suficiente para gerar contraste formal, mas não muda o suficiente para ser ouvida como novo material temático. É muito incrível como músicas super simples possam apresentar coisas tão interessantes.
O Andantino de Muller é um caso parecido com o Allegro, mas um pouco mais ambíguo. A primeira sessão apresenta o tema cadenciando primeiro sobre a Dominante (Dó Maior) e, em sequência, sobre a tônica (Fá Maior).
A parte interessante é a sessão de contraste (compassos 8 a 12). Assim como o Allegro, a maior diferença se dá na troca de textura (desta vez de uma melodia acompanhada para uma melodia dobrada em 10ªas). A questão aqui é se o material melódico foi modificado o suficiente para ser considerado um novo material melódico. O que se manteve do material foi o motivo rítmico que constrói a frase ( Semínima seguida de duas colcheias) e um desenho melódico de "zigue-zague". O que diferencia e, ao meu ver, transforma a primeira melodia em um novo material, é que as colcheias da segunda sessão deixam de funcionar como bordaduras da melodia (como se a primeira melodia fosse apenas a primeira nota de cada compasso ornamentas) e passam a funcionar como notas de passagem. Ou seja, se pensarmos dessa forma, as colcheias da primeira sessão (com exceção do arpejo) podem ser descartadas sem prejudicar o entendimento da melodia, já as da segunda sessão são estruturais e não podem ser eliminadas.
Dificuldades/ Soluções:
*Em geral, as peças foram fáceis de tirar. Algumas esbarradas aqui e acolá na hora de ler, mas nada que o bom "desacelerol" não resolva. Gastei mais tempo decidindo como gostaria que a peça soasse mesmo.
É isso aí, quase metade do livro. Estas foram as últimas das peças "super curtas" do livro, as próximas serão apenas "curtinhas".
Abçs
Augusto Girotto
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