Antologia Pianística - Aria/ Canzonetta W.A.Mozart
Contexto:
Tenho estudado esse livro (Antologia Pianística - Cesi Marciano) para brincar com a condução das frases. Já que a dificuldade das peças é baixa e não tem muitos problemas de dedilhados ou análise, eu uso essas músicas para brincar com controle de dinâmicas, de accelerandos e rallentandos entre outras coisas que deixam a frase mais interessante.
Descrição/Análise:
Ambas as peças seguem uma estrutura de um binário composto, ou seja, apresentação de um material melódico completo (cadenciando de forma conclusiva), uma sessão de contraste e uma retomada do material melódico inicial.
Aria:
A primeira vista, há uma tentação de chamar os 4 primeiros compassos de um período, por termos 2 compassos de uma ideia musical terminando na dominante da tonalidade de Dó maior (Sol) e depois a mesma frase terminando 2 compassos depois, de forma imperfeita, na Tônica. Tal vontade passa quando olhamos para os 4 compassos seguintes, Que formam uma cadência autêntica perfeita, encerrando o período. Logo, acredito que a melhor divisão seja de um período com 2 antecedentes (1º sendo a primeira semi-frase e o 2º sendo a segunda semi-frase) e 1 consequente.
O início da parte contrastante ( compasso 9) utiliza do mesmo motivo apresentado no começo da peça, portanto apenas isso não é suficiente para que tal parte seja considerado como "uma sessão de contraste". Tal diferenciação ocorre, por 2 fatores:
O antecedente agora está em volta da dominante (voltando para a tônica apenas no final do antecedente)
A mudança do acompanhamento da mão esquerda de uma "linha de baixo" para um acompanhamento mais "em blocos".
A mudança do acompanhamento da mão esquerda de uma "linha de baixo" para um acompanhamento mais "em blocos".
Diferentemente da Canzonetta, que veremos a seguir, esta peça segue o arquétipo do binário composto de ter uma sessão de contrastante simétrica (mesmo tamanho) e paralela (mesmo material melódico usado na mesma parte da frase) ao antecedente da parte A.
O fato da música se chamar "Aria" me fez pensar se essa partitura não seja, na verdade, uma simplificação de alguma ária de Mozart. Caso eu descubra isso, atualizarei o post.
Canzonetta:
A música está em Sol maior. com um antecedente de 4 compassos e um consequente de mesmo tamanho. Harmonicamente, interpretei o antecedente como uma bordadura de tônica (I - IV- I), portanto, não cadencia. Já o consequente, como esperado, aparece através de uma cadência autêntica perfeita.
O que é menos esperado nessa música é o tamanho da sessão contrastante (compassos 9 - 16), que utiliza o motivo do consequente da melodia inicial. Além disso, a sessão contrastante é uma grande dominante de um período (1ª frase do compasso 9 - 12 e 2ª do 13- 16) para a volta do tema inicial. Percebe-se também que, diferentemente do mais usual, a sessão contrastante não toma o lugar do antecedente do primeiro período, mas sim um período inteiro de música.
Assim como a "Aria" não sei se esta partitura seja uma versão simplificada de alguma canção. Ou se ambas se referem à "cantabilidade" do tema.
Dificuldades/ Soluções:
* Particularmente, acho muito difícil equilibrar o quanto acelerar/crescer de acordo com a frase. Parece que cada vez que eu ouço ou toco eu gosto mais de um jeito. Ora exagerando mais nos finais de frase, ora fazendo mais sutil. Acredito que a análise seja uma grande aliada na hora de fazer essas escolhas, para entrar em acordo com a organização estrutural da peça.
É isso aí, mais duas músicas desse método.
Abraços| Baraços
Augusto Girotto
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