Esse post é relacionado ao resumo do Livro: Harmonia - A. Schoenberg capítulo a capítulo. O exercício aqui apresentado faz parte do subcapítulo 4.3 - Encadeamento das Tríades Tonais - Principais e Secundárias, resumido e explicado no video abaixo:
EXERCÍCIO 2: Encadear tríades tonais que possuam notas em comum entre si, com exceção do viiº.
Todas as orientações do Exercício 1 continuam valendo.
1 - Encadear apenas acordes com notas em comum entre si e indicá-las com ligaduras.
1 - Encadear apenas acordes com notas em comum entre si e indicá-las com ligaduras.
3 - Manter as fundamentais nos baixos.
4 - Cada voz se move apenas o necessário, realizando o menor movimento coletivo possível. Ou seja, o movimento de cada voz deve ser o menor possível para ela mesma e deve permitir que as demais vozes façam o menor movimento possível para elas também.
5 - Não cruzar as vozes. Ou seja, não fazer uma voz mais grave cantar mais agudo do que uma voz superior.
Exemplos de resolução dados pelo autor:
O vídeo no começo deste post possui comentários explicando como o autor chegou em cada uma dessas soluções.
Resolvendo e comentando o exercício em Sol Maior
Na imagem acima, estão todas as possibilidades de encadeamento entre graus de uma mesma tonalidade maior, que utilizem apenas as notas da escala e que possuam notas comum entre si, sem utilizar o vii grau. Embora a quantidade de encadeamentos faça parecer que o exercício é "extenso" ou "complexo", na verdade é um exercício bem fácil de se fazer, pois qualquer uma dessas combinações se encaixam em apenas 2 casos, que sempre vão se comportar da mesma maneira enquanto seguirmos as regras dadas.
Estes dois casos são "Graus relacionados por movimento de 3ª do baixo" e "Graus relacionados por movimento de 5ª do baixo". Os graus relacionados por movimento de 3ª vão gerar encadeamentos com 2 notas em comum e os graus relacionados por movimento de 5ª gerarão encadeamentos com apenas 1 nota em comum. A lógica para a resolução perfeita deste exercício é a seguinte: Toda vez que o baixo se mover uma terça ou uma quinta, as vozes que não serão sustentadas através de ligadura se movimentarão em movimento contrário ao do baixo, em graus conjuntos. Comento mais sobre isso nas discussões de cada caso da imagem acima.
Encadeamentos usando o I grau.
Estes dois casos são "Graus relacionados por movimento de 3ª do baixo" e "Graus relacionados por movimento de 5ª do baixo". Os graus relacionados por movimento de 3ª vão gerar encadeamentos com 2 notas em comum e os graus relacionados por movimento de 5ª gerarão encadeamentos com apenas 1 nota em comum. A lógica para a resolução perfeita deste exercício é a seguinte: Toda vez que o baixo se mover uma terça ou uma quinta, as vozes que não serão sustentadas através de ligadura se movimentarão em movimento contrário ao do baixo, em graus conjuntos. Comento mais sobre isso nas discussões de cada caso da imagem acima.
Encadeamentos usando o I grau.
Das possibilidades com o I temos I - iii e I - vi como graus relacionados por 3ªs (ascendente e descendente, respectivamente) e I - V e I - IV como graus relacionados por 5ªs.
No encadeamento I - iii, se seguirmos à risca as regras do primeiro exercício de manter as vozes o mais próximo possível de sua região central e de manter os acordes o mais equilibrado possível (em relação as regiões de brilho de cada voz), seremos obrigados a realizar um salto de sexta no baixo, pois o Si grave está mais próximo da tessitura central do baixo do que o Si sustentado pelo tenor.
Quando fazemos saltos de Sexta ou Quarta em acordes com notas em comum, nós necessariamente iremos gerar as chamadas "8ªs e 5ªs ocultas" (indicadas nos exercícios através das setas seccionadas), que ainda não foram citadas nos primeiros capítulos do livro (portanto não podem ser consideradas como "soluções erradas" dos exercícios, mas que irão receber mais atenção mais adiante). Isso acontece pois os saltos de sexta e quarta são, respectivamente, inversões das relações de terça e quinta entre os acordes. Quando fazemos o baixo se mover no sentido oposto a relação entre os graus, fazemos com que ele se mova no mesmo sentido que as vozes se movimentariam para manter a "lei do menor movimento conjunto", forçando as situações de 8ªs e 5ªs ocultas. De forma geral:
6ªs ascendentes - 5ª oculta
6ªs descendentes - 8ª oculta
4ªs ascendentes - 8ª oculta
4ªs descendentes - 5ª oculta
6ªs ascendentes - 5ª oculta
6ªs descendentes - 8ª oculta
4ªs ascendentes - 8ª oculta
4ªs descendentes - 5ª oculta
Mais para frente o livro ensinará como realizar tais movimentos de baixo evitando essas situações.
Encadeamentos usando o ii grau.
De possibilidades para o ii grau temos ii - IV como graus relacionados por 3ªs (ii - vii fica excluído deste exercício, pois ainda não estamos utilizando o vii em encadeamentos) e ii - V e ii - vi como graus relacionados por 5ªs.
Encadeamentos usando o iii grau.
De possibilidades para o iii grau temos iii - V e iii - I como graus relacionados por 3ªs e iii - vi como graus relacionados por 5ªs.
Encadeamentos usando o IV grau.
De possibilidades para o IV grau temos IV - ii e IV - vi como graus relacionados por 3ªs e IV - I como graus relacionados por 5ªs.
Encadeamentos usando o V grau.
De possibilidades para o V grau temos V - iii como graus relacionados por 3ªs e V - ii e V-I como graus relacionados por 5ªs.
Encadeamentos usando o vi grau.
De possibilidades para o vi grau temos vi - I e vi - IV como graus relacionados por 3ªs e vi - ii e vi-iii como graus relacionados por 5ªs.
Conclusões gerais
Embora sejam várias as combinações entre graus, este exercício só treina 2 situações diferentes de encadeamentos, que são os movimentos de terças e quintas do baixo. As diferentes combinações entre graus e tonalidades apenas modificam a configuração do acorde inicial, devido à distribuição das notas da tríade entre as tessituras médias de cada voz. Ao perceber a tendencia do movimento contrário entre vozes do acorde x movimentação da relação entre os graus, é possível prever se tal encadeamento manterá determinada voz dentro de sua tessitura média ou a fará sair dela.
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