domingo, 6 de março de 2016

Leitura de Partitura : Entre notas e palavras

Leitura de Partitura: Entre notas e palavras

Prefácio: Cifra x Tablatura x Partitura
Parte 1: Entre notas e palavras
Parte 2: Alturas e pentagrama
Parte 3: Nomes e sequencias das notas musicais
Parte 4: Organização das notas no pentagrama
Parte 5: Claves Musicais




 Contexto:

 Como professor de música eu já tive que ensinar meus alunos a ler partitura milhares de vezes, acredito que alguns posts sobre o assunto possa facilitar a minha vida e a deles.


Relações com a leitura convencional:

 Antes de começar a jogar símbolos e convenções na cara do aluno, eu gosto de comparar alguns de seus princípios com a leitura convencional de um texto feito exclusivamente por palavras.



 Eixo horizontal



Assim como a escrita/ leitura da cultura ocidental, a partitura também se lê da esquerda para a direita,
 Por exemplo:


Texto 1:
"Bárbara fez um bolo, sorriu,  fez espumas com o sapinho, sorriu de novo e me fez um cafuné"


Texto 2:




 No texto 1 é muito clara a ordem das ações mesmo com a ausência de uma especificação maior. A frase não precisou ser escrita como "fez um bolo, depois sorriu, depois fez espumas com o sapinho..." para que entendêssemos a ordem das ações. No texto 2 a leitura de faz da mesma forma, a primeira nota a se tocar é a que está mais a esquerda, em seguida a que está logo a direita dela e assim sucessivamente.



Eixo vertical

1. sistemas


 Desde o começo desse post, temos diversas letras empilhadas umas sobre as outras devido à formatação do texto e, mesmo assim, não temos dúvidas de como lê-lo.
 Isso acontece pois sabemos que, ao acabar uma linha, a frase continua na linha seguinte.

 Nas partituras, essa relação seria a dos sistemas, onde ao acabar o espaço para o primeiro pentagrama,  a leitura continuaria no sistema logo abaixo, também da esquerda para direita.
 Abaixo temos um exemplo de vários sistemas na mesma página.



2.  Simultaneidade


 Menos comum na nossa escrita convencional é o uso da simultaneidade, pois é muito difícil (se não impossível) ler duas palavras exatamente ao mesmo tempo. Por outro lado, escutamos notas simultâneas na música o tempo inteiro e, como há a prática, criou-se a necessidade de representá-la na escrita

  Texto 1:


 Di          meu        a                   que    vê-    ou
 ga    ao                 mor    que      ria      la     tra   vez.



 Texto 2:






  No texto 1, para compreendermos o sentido da frase devemos fazer primeiro uma leitura vertical (de cima para baixo) e depois uma leitura horizontal (da esquerda para direita) de forma que ordenamos as sílabas na ordem da frase (di-ga-ao-meu-a-mor-que...), ou seja... nós adaptamos o texto para que ele vire apenas uma linha horizontal, para que a frase faça algum sentido.

 No texto 2 isso não se faz necessário, pois as 3 primeiras notas (que estão empilhadas) podem ser lidas, tocadas e escutadas ao mesmo tempo sem prejudicar a compreensão delas. Nesse exemplo, então, toca-se primeiro as 3 notas brancas empilhadas à esquerda, depois as 3 notas pretas logo à direita e assim sucessivamente.



3. Simultaneidade de sistemas.


 Quando lemos um livro, frequentemente vemos diálogos de personagens, por exemplo:

 Bianca: Quem quer batatas!?

 Ingrid: Eu quero Bianca!

 Bianca: Eu sou uma batata?


Da forma que está escrito, percebemos que a ordem das falas foi Bianca - Ingrid - Bianca. Caso queiramos indicar que ambas estão falando ao mesmo tempo, escreveríamos:

 Bianca e Ingrid: Hmmm, batatas <3

Nas partituras, para indicar a simultaneidade de dois instrumentos diferentes (ou de claves diferentes do mesmo instrumento, como por exemplo o piano, a harpa, entre outros), ligam-se os sistemas simultâneos com uma chave "{" ou com um colchete "["


                                                             (exemplo com colchete)

(exemplo com chave)




 É isso aí,
 Leitura de partituras em doses homeopáticas.
         a 
Um    bra   a todos
         ço

Augusto Girotto

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