sábado, 14 de abril de 2018

Livro: Alucinações Musicais: relatos sobre a música e o cérebro - Oliver Sacks



Contexto:

Não sei exatamente o nome da brincadeira. Mas sabe aquele amigo secreto que os presentes não tem dono e as pessoas vão roubando um do outro? Então, foi em uma dessas que acabei "roubando" este livro de um colega do cursinho que eu trabalhava (Colega este que deve me odiar até hoje por isso, pois achou que eu estava roubando de fato o livro, sem ter percebido que era algo que fazia parte da brincadeira) e logo em seguida já comecei a devorar o livro. Mal sabia que este seria um dos livros de relatos mais fascinantes que eu já li, como por exemplo o homem que foi atingido por um raio, que deixou uma musicofilia (vontade insaciável de ouvir ou tocar música) por gravações de piano solo, ou sobre o homem que tinha uma amnésia tão severa que não conseguia se lembrar de nada por mais que alguns segundos, mas conseguia cantar canções inteiras do seu passado e que, ao notarem isso, começaram a criar pequenas canções para realizar tarefas domésticas. 

Descrição:

Após o prefácio, o livro se divide em 4 partes:

Parte 1: Perseguidos pela música

Essa parte trata sobre lesões, distúrbios ou influências cerebrais que, por um motivo ou outro, insere a música na vida de um indivíduo de forma não planejada ou desejada. Os subcapítulos dessa parte são:

Como um raio: musicofilia súbita
Uma sensação estranhamente familiar; convulsões musicais
Medo de música: epilepsia musicogênica
Música no cérebro: imagens mentais e imaginação
Brainworms: música que não sai da cabeça
Alucinações musicais 


Parte 2: A variação da musicalidade

Essa parte fala sobre como elementos como algumas alterações no cérebro (como as causadas pela plasticidade cerebral) podem influenciar positivamente ou negativamente na capacidade de ouvir ou realizar música. Os subcapítulos dessa parte são:

Razão e sensibilidade: a variação da musicalidade
Desintegração: amusia e desarmonia
O papa assoa o nariz em sol: o ouvido absoluto
Ouvido imperfeito: Amusia coclear
Em estéreo ao vivo: porque temos dois ouvidos
Duas mil óperas: savants musicais
Um mundo auditivo: a música e a cegueira
O tom do verde claro: a sinestesia e a música


Parte 3: Memória, Movimento e Música

Essa parte, uma das mais interessantes do livro em minha opinião, relata alguns dados que demonstram o quão profunda a música pode se guardar em nossa memória e o quanto ela pode servir como desinibidora de bloqueios cerebrais em casos de doenças ou lesões muito debilitantes. Também é uma parte que demonstra o quanto a musicoterapia pode ser uma aliada poderosíssima dos neurologistas. Os subcapítulos são:

Aqui-agora: a música e a amnésia
Fala e canto: afasia e musicoterapia
Davening acidental: discinesia e salmodia
Em sincronia: a música e a síndrome de Tourette
No compasso: ritmo e movimento
A melodia cinética: doença de Parkinson e musicoterapia
Dedos fantasmas: o caso do pianista sem braço
Atletas dos pequenos músculos: distonia do músico


Parte 4: Emoção, Identidade e Música

Essa parte trata das relações entre a atividade musical e as respostas emotivas do indivíduo, além disso, também trata sobre como a música (ou a musicoterapia) pode ajudar a recuperar o self em situações severas de demência. Seus subcapítulos são:

No sono e na vigília: sonhos musicais
Sedução e indiferença
Lamentações: música, loucura e melancolia
O caso de Harry S.:a música e a emoção
Irreprimível: a música e os lobos temporais
Uma espécie hipermusical: a síndrome de Williams
Música e identidade: demência e musicoterapia


Análise/ Comentários:

* Esse livro foi fascinante para mim do começo ao fim. A escrita do autor é muito envolvente e fácil de acompanhar. Antes de entrar mais cientificamente em cada caso ele apresenta uma série de relatos extraordinários que prendem muito o leitor. Outra coisa que gostei muito é o tamanho dos capítulos, não gosto muito de livros com capítulos muito longos pois tenho um certo asco de precisar parar a leitura no meio do capítulo.

* Mesmo tendo estudado e ser um grande apreciador do repertório da música erudita, os momentos que o autor escreve sobre conceitos musicais deve ser lidos com muita cautela, pois demonstram várias vezes falta de conhecimento mais aprofundado na área. Tal detalhe não atrapalha o livro, que aparentemente tem como finalidade um público não especializado em nenhuma das duas maiores áreas (Música e neurociência).

* Fiquei muito inspirado com diversos relatos, principalmente os que falavam sobre musicoterapia pois reforçam como a produção musical é importantíssima. Normalmente associamos a música apenas com o lazer, mas vários momentos desse livro mostram o como a música é uma aliada poderosíssima da saúde mental.

É isso aí, recomendo muito que leiam esse livro
Se alguém já tiver lido, adoraria saber suas impressões ou trechos favoritos do livro
Massagens nos lobos abraçais
Augusto Girotto

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