Contexto:
Essa peça foi uma das estudadas pela classe de 1º ano de piano complementar da emesp e, particularmente, foi a minha favorita delas. Tanto que foi a que escolhi para tocar no recital do fim do ano (que, diga-se de passagem, foi minha primeira vez na vida tocando uma peça de piano solo em público). Um caso curioso desse vídeo foi que eu pensava que tinha perdido o registro, pois tinha pedido para um amigo filmar e, devido a uma confusão, o vídeo acabou não sendo feito. Por sorte, uma das coralistas do coro que trabalhamos no curso filmou o recital inteiro. Portanto, fica aqui registrado meu sincero agradecimento à querida Dora Vanti.
Descrição/Análise:
Como essa peça iria ser tocada ao piano, achei desnecessário fazer uma análise harmônica detalhada pois a harmonia sairia independente de eu esmiuçá-la ou não. Foquei, portanto, numa análise mais estrutural/fraseológica da peça, e é essa que apresento a vocês.
Para mim, a forma dessa peça é um tanto quanto misteriosa ainda. Não sei dar um "nome" para ela, mas o que reparei é o seguinte:
*A peça possui apenas um tema, facilmente reconhecível (c.1 ao c.4) que se apresenta duas vezes. A primeira sobre um acorde de Eb em 1ª inversão (ou um Gm6, dependendo de como você ouvir o início da música) e a segunda vez sobre o acorde de Fm (c.5 ao c.8).
*A partir do compasso 9, Villani Côrtes usa o primeiro motivo do tema para criar um elemento transitório, como se fosse uma "ponte" de uma forma sonata, no compasso 11 ele "repete" o compasso 9 reduzindo a melodia a seus pontos de apoio, para no compasso 12. criar outro elemento transitório que levará a um falso ponto culminante na cabeça do compasso 14. Em seguida, faz uma nova "ponte", bem mais curta que a primeira, levando do registro grave ao ponto culminante em apenas 2 compassos.
*Logo após o ponto culminante (c.16), há um novo material melódico que também é extraído do tema inicial. Organizado em forma de melodia composta (como se fossem pergunta-resposta tocadas por instrumentos diferentes). Não sei dizer se podemos chamar essa sessão de um novo tema, ou de variação do primeiro tema. A impressão que me dá é de que nesse momento a musica vai se "despedaçando" após a explosão do ponto culminante até a volta do tema (reduzido) no c. 21. até o fim da música. Esse trecho final me parece ser, ao mesmo tempo, uma reexposição do tema e uma coda.
*O bacana é ver como, aparentemente, a peça se desenvolve constantemente até o fim, sem nenhum ponto de parada que permita uma separação de sua forma em "partes". Ao mesmo tempo que sua construção permita a identificação de tais "partes" dentro do todo, ficando fácil reconhecer as mudanças de material ou textura.
Dificuldades/Soluções:
Uma coisa é você reconhecer uma estrutura formal no papel, outra coisa é você transformar isso em som. Tal trabalho é beeem difícil e estou bem longe de dominá-lo. As mudanças na execução são muito meticulosas e exigiriam um controle técnico muito maior do que possuo no momento. Mas aqui vão algumas ideias que me ajudaram a dar um passo para frente.
*nas duas primeiras aparições do tema, busquei mostrá-los como frases independentes, ou seja, dando apoios e rubatos próprios para elas. Isso se faz, basicamente, escolhendo um ponto de frase onde se quer chegar e acelerando levemente até chegar nele e desacelerando levemente após passá-lo. Mais fácil falar do que fazer. Ter consciência desse ponto e dessas variações de andamento ajudam na hora de tocar.
Uma coisa é você reconhecer uma estrutura formal no papel, outra coisa é você transformar isso em som. Tal trabalho é beeem difícil e estou bem longe de dominá-lo. As mudanças na execução são muito meticulosas e exigiriam um controle técnico muito maior do que possuo no momento. Mas aqui vão algumas ideias que me ajudaram a dar um passo para frente.
*nas duas primeiras aparições do tema, busquei mostrá-los como frases independentes, ou seja, dando apoios e rubatos próprios para elas. Isso se faz, basicamente, escolhendo um ponto de frase onde se quer chegar e acelerando levemente até chegar nele e desacelerando levemente após passá-lo. Mais fácil falar do que fazer. Ter consciência desse ponto e dessas variações de andamento ajudam na hora de tocar.
*na primeira "ponte", busquei fazer um crescendo gradual, junto com um acelerando, para dar essa sensação de "ganho de energia" que é característico das pontes. Após chegar ao falso ponto culminante, planejei um leve alongamento da retomada da ponte, para dar tempo da dinâmica cessar e eu poder começar a "nova ponte" de uma dinâmica mais baixa do que teria conseguido tocando o que está escrito a tempo.
*embora esteja escrito um piano súbito após o ponte culminante, optei por fazer um decrescendo. Pois não estava conseguindo fazer o piano súbito soar como estava na partitura. O decrescendo aliado a um alargamento do tempo foi o efeito mais próximo que consegui com as ferramentas que eu tinha no momento.
É isso ai.
Espero que sirva pra algo
Abraços Abraços Abraços Abraços Abraços Abraços Abraços Abraços Abraços
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Augusto Girotto
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