sexta-feira, 13 de janeiro de 2017

Relatos - Aula de Canto Coral em um cursinho pré-vestibular de música


 
Começarei hoje uma série de relatos sobre experiências passadas ao longo dos estudos que tenho feito, sugerido pela querida amiga Bianca Fontes. Essa série vai buscar falar tudo de positivo, negativo, curioso, perigoso, neutro e o que mais der através da minha visão pessoal sobre os cursos/ experiências. Portanto, não será nem de longe uma verdade absoluta, apenas uma opinião pessoal e descompromissada com qualquer tipo de bajulação ou alisamentos de egos alheios. Dito isso, bora lá :D

 Contexto:

 Em 2014, entrei no Cursinho Da Capo como professor de teoria musical e, logo de cara, já me apaixonei pelo projeto. A sensação de poder dar aulas para uma turma grande de alunos interessados, com todas as suas loucuras e piadas características que as escolas de música não davam tanta abertura. Ser aceito por tudo isso e ganhar tanto carinho de volta foi uma sensação indescritível. Comecei a cada vez mais me envolver com o cursinho, primeiro dando aulas de regência e depois fazendo estágio na aula de canto coral.

 A experiência desse estágio foi um pouco mais complicada. Quem regia o coro nessa época eram dois amigos muito próximos, que são bem mais experientes que eu. Por um lado, isso foi muito bom, pois aprendi bastante vendo os ensaios deles, pude aprender um pouco mais como se escolher repertório e coisas do tipo. Por outro lado, o fato de serem mais experientes fazia com que eu ficasse completamente de lado, não tivesse opinião levada em conta, não ficava sabendo de nada do ensaio com antecedência. Parecia que automaticamente eu estava errado em qualquer que eu não falasse "amém" pro que falassem, e isso me irritava bastante. Tudo bem que estava sendo um ano horroroso pra mim e não sei o quanto desse nervosismo foi de fato conflitos entre a gente ou era eu levando problemas de um lado para outro.

 Este ano (2016), os dois saíram do coro para dar atenção a outros projetos e eu e um brother (Gabriel Bergoc) entramos como professores da matéria.

Edit: Para evitar a criação de um outro post, estou comparando as experiências do segundo ano de coral a cada item. Creio que vá ficar mais prático e interessante assim.

Relatos:

Sobre a turma

2016 * A primeira coisa a se falar sobre um cursinho pré-vestibular em música é que a turma é instável. Muito instável. Do tipo de instabilidade que sabemos que nos 2 primeiros meses teremos cerca de 80/90 alunos, o semestre terminará com cerca de 40/50 alunos. No segundo semestre vão entrar mais uns 10/15 alunos e o ano acabará com uns 20/30. Essa variação se dá por diversos motivos, creio eu. Um deles é que o cursinho é longe para muita gente (inclusive para mim, pois moro em outra cidade) e a demanda de tempo e custo com passagens acaba fazendo uma diferença, muita gente não consegue manter esse gasto mesmo com o cursinho sendo gratuito. Outro motivo é que muita gente não sabe o que esperar de um cursinho de música e cria uma expectativa que é diferente da realidade das aulas ou acha que o nível de complexidade do cursinho é baixo por começarmos o primeiro semestre super "do começo". Outras pessoas, ao longo do ano, acabam descobrindo que música não é exatamente o curso que querem fazer. Além disso, alguns alunos não percebem a importância da matéria de canto coral pra sua formação musical e simplesmente matam a aula.

 Tal instabilidade é ruim para qualquer matéria, mas creio que especialmente para o coral. A sensação que eu e o Gabriel tivemos é que ensaiávamos um coro diferente por semana. Parecia que os alunos combinavam de alternar faltas só pra termos que repetir muita coisa do ensaio anterior e o progresso ser feito na base do "2 passos pra frente e 1 pra trás". O nosso planejamento de ensaio no primeiro semestre foi muito bem feito, então contornamos isso muito bem, pois conseguimos prever essas revisões dentro do tempo do ensaio.

2017
* Em 2017, o cursinho optou por oferecer vagas limitadas ao número de lugares em uma sala de aula (portanto 55 vagas), pois as matérias teóricas sentiram dificuldades com o tamanho e com a divisão da turma anterior, além disso, por conta da criação da matéria de prática instrumental mudamos a data de ensaio destas duas matérias para o sábado (comento com mais detalhes as consequências disso mais adiante). Portanto, a primeira leva de alunos que costumava ser de 80/90 foi de 45/55 pessoa. Considerando o abandono normal da matéria/ cursinho (que era em torno  80% dos alunos iniciais até o término do segundo semestre) a estimativa seria terminar o ano com cerca de 11 coralistas frequentes (que foi o que aconteceu).

A instabilidade de "revezamento de coralistas" se manteve, porém em menor intensidade. Como o coro era menor, o naipe dependia mais dos coralistas mais experientes para segurar a linha (quando o coro é maior, depende-se menos deles) e, quando estes faltavam, o naipe perdia muito mais dos progressos feitos nos ensaios anteriores. Mesmo assim, o planejamento foi bem feito e tudo foi contornado da melhor forma possível.

2016
* O fato da idade da turma ser bem próxima da minha e da do Gabriel foi algo muito positivo. Creio que tenha facilitado bastante a comunicação, poder fazer referências a situações cotidianas para dar exemplos gerou ótimos resultados. Já ouvi de amigos que essa proximidade de idade poderia atrapalhar porque a turma não "respeitaria" o professor, quanto a isso, não senti o menor problema e creio que a idade não interfira em nada.

2017
*Outra turma, faixa etária ainda próxima e a sensação continua exatamente a mesma

2016
* Toda turma tem uma "personalidade" que surge da junção de diversas personalidades diferentes. Tal personalidade parece ser "moldada" pelas aulas. Esse ano buscamos fazer as aulas mais dinâmicas  e participativas que ano passado (o cursinho como um todo, pois a turma do ano passado era muito pouco participativa). Isso gerou uma turma que era muito participativa e integrada. A comunicação classe -> educador rolou bem e isso é muito positivo. Por outro lado, a turma ficou infernalmente falante. Ao longo do ano assisti aula de outras matérias e não teve uma aula que a conversa excessiva não incomodou. Em geral, isso é algo que dá para relevar em materias como teoria/ história, pois a discussão entre os alunos costuma ser saudável para o aprendizado. Mas para o coro era terrível, pois era só começar a passar um naipe que os demais geravam aquele murmurinho que atrapalhava a audição. Ainda mais em uma sala com tanto reverb como a que ensaiamos. Uma coisa interessante de se notar foi que os alunos eram tão envolvidos com as matérias que eles mesmos pediam silencio a partir de um certo momento.

2017
*A turma de 2017 foi bem diferente da de 2016. Enquanto uma era super participativa desde o primeiro aquecimento feito no primeiro ensaio, a outra começou bem mais reservada. Eu, Gabriel, Melissa e Carol (professoras que assumirão o coral a partir de 2018, pois eu e Gabs nos formaremos na faculdade) sentimos que essa turma era muito "travada". Ao mesmo tempo que não tinha nada de conversa paralela, não sentíamos aquele "prazer artístico" no som que vinha quando o coro cantava. Levamos isso para a reunião dos professores e todos os outros disseram que os alunos eram super participativos na matéria deles (era a mesma coisa, eu fui assistir as aulas das outras matérias também, talvez eu estava comparando demais com a turma anterior). Mudamos completamente o enfoque dos ensaios e dos aquecimentos no primeiro semestre. Ao invés de focar em trabalho técnico/vocal, como fizemos em 2016, focamos em exercícios de expressividade, jogos musicais, improvisos, dinâmicas para socializar os coralistas e etc. e deu super certo. No final do semestre tínhamos, de fato, um coro, ao invés de um bando de pessoas que não se conheciam e por acaso estavam na mesma turma.


2016
*A amizade que a turma fez influenciou positivamente nos ensaios do coro. Com a união da turma e, obviamente, com dinâmicas de ensaio. As pessoas mais tímidas foram se sentindo mais confortáveis a soltar a voz. O que melhorou bastante a sonoridade do grupo.

2017
* Se ano passado eu falei que "A amizade que a turma fez influenciou positivamente nos ensaios do coro" esse ano isso é mil vezes mais verdade. O coro passou a timbrar e afinar bem melhor conforme soltávamos as pessoas. Este ano senti que faltou um pouco mais de trabalho técnico vocal com o grupo, mas não me arrependo disso. Eu acredito mesmo que vale mais a pena cantar uma música "viva" com uma técnica "mais ou menos" do que uma música "morta" com boa técnica.


Sobre o horário de ensaio.

2016
*Uma coisa que atrapalhava bastante era o compromisso com o horário. Tanto por parte dos alunos quanto por parte da aula anterior. Normalmente, por algum motivo a primeira aula demorava pra começar por burocracias da Unesp, ou por chaves perdidas e coisas do tipo, e o atraso se mantinha até o nosso ensaio. O que prejudicava muito, pois a aula acabava com 10 minutos de atraso, os alunos saiam para o intervalo já com atraso (cobrávamos intervalos menores, mas não adiantava muita coisa) e não rolava muito esticar o ensaio além do horário (pois acabava as 22h) e ficava tarde pra muita gente voltar. Essa foi uma das coisas que mais nos atrapalhou, pois ao invés de ter as já poucas 1h30 de ensaio semanais, esse tempo se reduzia a aproximadamente 1h ou 1h10.

*Em compensação, o horário do ensaio ser noturno possibilitou que tivéssemos uma sala excelente para ensaiarmos ao longo do ano inteiro. Além disso, o fato do horário de ensaio ser fora do horário comercial fez com que pessoas de fora do cursinho pudessem participar do coro. Por outro lado, ensaiar no fim do dia fazia muita gente já chegar cansada. O que fazia com que começar o aquecimento com algum exercício físico fosse muito necessário.

2017
*No primeiro semestre, o horário do coro era maravilhoso.  Ao mudar para o sábado tínhamos 2h de ensaio com o coro (ao invés de 1h30 de 2016) e 1h para a prática instrumental. Por mais que a maior parte do coro se atrasasse da mesma forma, começávamos o ensaio pontualmente às 14h. Independente de quantos coralistas tivessem em sala, e os ensaios renderam muito, MUITO mais em relação a 2016.
 Por outro lado, no segundo semestre (quando decidimos, em reunião, cortar o sábado e passar os ensaios para 2 dias ao longo da semana) os problemas de 2016 voltaram. A matéria anterior a nossa continuou terminando a aula atrasada (inclusive ainda mais do que no ano anterior) toda semana, por pelo menos 15 minutos. Perdi as contas de quantas vezes reclamei disso, sem o menor sucesso. A aula de sexta feira era apenas com o coro, mas tinha ainda menor adesão que os sábados (o motivo de termos mudado para a semana é que durante a reunião dos professores falaram que muita gente fazia cachê aos sábados e portanto não poderia ir a aula).

* No primeiro semestre, o horário das 14h fazia que muita gente chegasse atrasada pois tinha acabado de almoçar. Porém a energia geral da turma era positiva, não chegavam nem exaustos (como passaram a chegar quando voltamos ao horário noturno) e nem com aquela voz de "acabei de acordar". Tirando os atrasos, foi um horário muito gostoso de ensaiar.


2016
*Não teve um lugar que eu já tenha trabalhado que a única pontualidade que pareça ser respeitada é a hora de ir embora. Não sei se isso é um problema paulista, brasileiro, americano ou mundial. Mas sempre rola aquela hipocrisia de ser um problema passar 5 minutos do horário, mas não ser problema chegar 10/15 minutos atrasado.

2017
*Ano diferente, mesma situação.

Sobre a matéria de canto coral.

2016
*Dentro da grade do cursinho (teoria, percepção, canto coral,  composição, regência e história da música) creio que a matéria de canto coral seja a mais importante. Não só por ser a matéria que trabalho (como diz o professor de coro da unesp "se eu não achar, quem vai achar?"), mas porque é a matéria que sintetiza todas as outras. A análise textural, harmônica, fraseológica que se faz nas aulas de teoria e composição, viram música na aula de coro. O estilo de cada compositor, país e época que se estuda em história da música aparece no repertório da aula de coral. Os exercícios de percepção de forma, tonalidade, harmonia e reconhecimento intervalar são praticamente a base das leituras do coro. Para a aula de regência, nem se fala... No coro que se vê o que funciona ou não da dinâmica de ensaio. Que se conhece a extensão e tessitura das vozes, que se aprende a ser regido.

 Porém, parece que quase ninguém se dá conta disso. Pra muita gente a aula de canto coral ainda é a aula de "brincadeira", ou de "chegar lá e cantar umas musiquinhas". Quase ninguém estuda para e pós aula de coral.  Quase 20% da turma que via as outras aulas matavam aula de coro. E fica aqui meu desabafo: Não sei porque diabos alguém faz um cursinho de música, quer fazer faculdade de música, quer ser profissional da música e não vai na única aula em que, na essência, se pratica música. Isso é seríssimo. Coral não é bom só para quem quer ser cantor, se aprende muito sobre fraseado instrumental cantando em coro.

2017
* Pensando que muitas pessoas poderiam estar matando aula por não gostarem de cantar, abrimos uma matéria de prática instrumental no cursinho. A ideia era montar uma camerata de cordas, um grupo de choro, um grupo de jazz e um madrigal. Porém a participação nessa matéria foi ainda menor do que no coro. Para as pessoas que ficaram, as aulas foram muito legais. Vimos muita coisa de análise formal como base de performance, confecção de arranjo para medley, exercícios de improvisação com percussão corporal, improvisação com instrumento, caracterização de frases em peças instrumentais. Essa matéria foi muito importante para reforçar a ideia que eu já tinha de "nós tocamos exatamente como cantamos" e foi muito bacana ver como a evolução vocal de uma pessoa no coro melhorava sua execução instrumental. Pena que foram tão poucos que participaram dessa matéria, então, repito: "porque diabos alguém faz um cursinho de música (...) e não vai na única aula em que, na essência, se pratica música."

2016
* Essa matéria é incrível para o auto-conhecimento da voz e corpo, além de melhorar muito o solfejo e afinação das pessoas. Só esse ano foi possível reparar alguns "milagres" de alguns alunos que não afinavam uma nota no começo do ano e terminaram cantando junto com o grupo. Digo isso até por experiencia própria, pois quando entrei na faculdade eu não afinava lhufas e desde que comecei a cantar em coros minha afinação e solfejo melhoraram muitíssimo.

2017
* Esse ano tivemos uma comprovação muito forte da importância da matéria pois, após o simulado de solfejo aplicado no meio do ano, os alunos que tiveram a maior nota foram justamente aqueles que frequentaram o coro o ano inteiro (alguns até cantavam em outros coros)


2016
*Toda escola de música deveria ter um coro, seja conservatório, seja curso livre. Os benefícios didático musicais são muito maiores do que os custos de criação do curso.

2017
* E digo mais, todo músico deveria cantar em coro sempre.


Sobre a didática.

2016
* Como o coro foi a única aula de música em grupo deste ano, sugeri ao Gabriel de fazer arranjos para as músicas para que os alunos pudessem tocar seus instrumentos acompanhando o coro e foi muito legal. Poucas pessoas tiveram a iniciativa de se oferecer para tocar, mas aos poucos a participação foi aumentando e até conseguimos fazer uma apresentação com números corais e solo dos alunos no final do primeiro semestre. Como por exemplo o arranjo de Doeba que fiz pra coro e instrumentos improvisando.




ou por exemplo o Uirapuru, arranjado para piano, sanfona, bandolim e percussão.



 Ou o dueto buffo de gatos, do rossini, que foi montado por alunas do cursinho:

(em breve)


Ou o 1º mov. do Concerto em Ré maior de Vivaldi, para orquestra de cordas (Rv 121), tocado em quarteto







 O que foi muito bacana de ver nesses ensaios que fizemos dos instrumentos foi como algumas dicas de fraseado fazem a performance individual de cada músico melhorar muito. Mostrando a importância do estudo de fraseologia para todos os músicos, e não só compositores e regentes. O avanço que conseguiram ter ao longo dos ensaios me encheu de orgulho.

2017

*Como neste ano tivemos a prática instrumental, optamos por separar as apresentações do coro dos números instrumentais, pra podermos passar por mais repertório com os alunos. Então tivemos, por exemplo, o grupo de jazz tocando blue bossa:

um duo de violão e voz fazendo um medley de Chico Buarque:




 um duo de violino e piano fazendo Viva la Vida:


e um solo de guitarra tocando Always with me, Always with you:


nessas aulas de prática instrumental conseguimos falar sobre muita coisa legal (algumas que quase não se falam na faculdade também) de performance e a diferença foi gritante.

2016
* Quanto à escolha do repertório, buscamos pegar pelo menos uma peça de cada período histórico da música européia (que já era tradição do Coral Da Capo, para casar com as aulas de história da música) Mas, ao mesmo tempo, sugeri ao Gabriel de pegarmos duas músicas em uníssono, dois cânones, duas a 2 vozes, duas a 3 vozes e duas a 4 vozes.

 Essa ideia foi para tentar timbrar o coro em diferentes formações. Não só como naipes SATB, mas tb criar um som do coro como um todo, criar um som de "vozes masculinas e femininas" ou um som de "graves e agudos". Além disso, essa ideia ajudou bastante a trabalhar outros aspectos musicais. Nas peças com menos vozes, a dificuldade das linhas individuais eram menores, então pude focar em exercícios de fraseado que, quando fomos para as peças com maior numero de divises já estava ficando mais orgânico.

 o repertório desse 1º semestre acabou ficando

1 Voz 

Se procurar bem - Villani Cortes


Trenzinho do caipira - Villa- Lobos






2 Vozes


Angelorum Gloriae - Anônimo




Uirapuru - Waldemar Henrique



3 Vozes

 

O bone Jesu - Michelangelo Grancini





Tres Morillas m'enamoran - Cancionero de Palacio





4 Vozes

La Nanita - Manuel Oltra

(Não sei onde foi parar esse vídeo :/. Se algum dia eu encontrá-lo eu coloco aqui)

Morena Bonita (Suite Nordestina) - Ronaldo Miranda

(Não sei onde foi parar também)


Canones

Doeba (o qual arranjei para ficar tanto como canone quanto a 4 vozes, para que o coro pudesse ter variedade para acompanhar os instrumentos que estivessem improvisando)

Quando a morena - Gabriel Levy (O qual arranjei para colocar o tema do Doeba em Cânone junto com o tema da música)

2017
* No primeiro semestre, optamos por montar um concerto com o tema "músicas do mundo" como forma de defender a diversidade cultural em um mundo cada vez mais individualista, foi o ano de atentados químicos no oriente médio, do muro e das declarações de Trump e atentados terroristas na África e na Europa. Portanto, o repertório ficou:

Ema Lama - Havaiana


Hinematov - Judaica


Sto Mi e Milo - Macedônica


Vashez O - Albanesa


Sjung Sjung - Finlandesa


Nanguiriche - Angola


Canto do Pajé - Brasileira



2016
* No segundo semestre, optamos por não focar em uma apresentação e sim no estudo de peças mais complicadas. Uma apresentação daria muito trabalho para o grupo e o coro provavelmente não se dedicaria tanto devido a necessidade de cada um preparar a própria prova do vestibular. Aproveitamos para conhecer peças novas e dar a oportunidade da classe de regência do cursinho reger o coro:








O repertório do segundo semestre foi:

Sicut Cervus - Palestrina

Madrigal - Fauré

Ave Verum Corpus - Mozart

Locus Iste - Bruckner

The Lamb - John Tavener

Cunhataiporã - arranj. Samuel Kerr

2017

*Planejamos dois concertos para o segundo semestre: um somente com composições autorais do cursinho da capo (professores e alunos). O concerto seria em agosto, portanto combinamos com os professores de composição que as peças deveriam ser entregues até junho para que o coro tivesse tempo de ler e ensaiar até lá. Em junho os alunos nem tinham começado as peças ainda e no fim só um aluno entregou, as demais composições eram dos professores de composição e coral. Além disso, o fato do simulado não ter ficado pronto na data combinada fez com que iniciássemos o semestre uma semana depois do planejado no começo do ano. A soma de todos esses fatores fez com que abandonássemos completamente este concerto. Ao cancelarmos esta data, o coro deu uma murchada gigantesca (o repertório autoral tinha entusiasmado bastante o coro, eles estavam cantando tudo com um carinho enorme e se divertindo nos ensaios). Optamos por focar o segundo semestre novamente para estudar um repertório mais desafiador e usá-lo como base para aulas sobre interpretação e acústica. O repertório do segundo semestre foi:

Locus Iste -A. Bruckner

Behfiel du deine Wiege -J.S. Bach

Jesu Salvator - Menegali

Jesu Rex Admirabilis -G.P. Palestrina

Weep on my eyes - J. Bennet

Morena Bonita - R. Miranda




2016
* Uma coisa que me deixou pensativo esse ano sobre os ensaios foi sobre a "rigidez" ideal para um regente. Muito se fala sobre a "figura de autoridade" ou sobre a "humildade" do regente em workshops de regência, mas o equilíbrio entre "ser dinâmico" e "ser rígido" é dificílimo, porque cada um desses lados te dá vantagens e desvantagens.

 Na experiencia que fiz com o coro, busquei ser mais dinâmico no início (que é algo mais natural meu) e percebi que o som do coro vinha muito livre, muito natural. Por outro lado, a concentração do ensaio perdia bastante e várias e várias vezes o coro precisava ser "chamado de volta", o que diminuía o rendimento do ensaio.

 Por outro lado, os ensaios que eu dei mais rígido, percebi que a concentração do coro, as respostas aos gestuais eram impecáveis. O ensaio rendia bastante, mas o som não vinha inteiro. Vinha "preso" "tímido", um pouco pesado demais.

 Ainda não aprendi a achar esse meio termo, mas quando conseguir divido com vocês haha.

2017
* Ano diferente, mesma situação


Sobre os aquecimentos.

* Os ensaios aconteciam  toda quinta feira a noite, com 1h30 de duração. Como era a segunda aula da noite, começávamos sempre com algum exercício corporal para concentrar o grupo em silêncio e dar uma acordada nos alunos. No inicio do ano reservávamos os aquecimentos para dar pequenas aulas sobre respiração, ressonância, articulação e etc. no meio do primeiro semestre começamos a focar em exercícios de afinação e unificação de vogais, o que melhorou bastante o som do coro. Ao longo do segundo semestre, como não focávamos uma apresentação, fizemos aquecimentos mais curtos para "acordar a voz" e focarmos mais tempo nas leituras/ ajustes das peças.

*A parte serial da peça "The Lamb" foi passada como aquecimento várias vezes ao longo do segundo semestre para fazer eles irem se acostumando com a melodia, pois sabíamos que a leitura dela não sairia.

Sobre a equipe.

* Dar essa aula com o Gabriel foi muito positivo por alguns motivos, um deles é que temos lados fortes e fracos opostos, o que faz com que um complemente as falhas do outro. Além do mais ele é uma pessoa que é muito fácil dialogar,  o que ajudou muito no planejamento dos ensaios

*Por outro lado, percebi esse ano como situações externas afetam um trabalho em equipe. Gabs estava passando por uma situação muito complicada e isso afastou ele de muita gente, fazendo com que a organização da apresentação do primeiro semestre ficasse grande parte nas minhas costas. Fiquei bravo na época por isso, mas depois que tudo se resolveu ele me explicou  e focamos na continuação do trabalho.


Sobre a comunicação com o coro.

* Desde o início do ano, estabelecemos o Facebook como uma ferramenta de comunicação. A ideia era deixar disponível uma partitura digitalizada no grupo, antes dos ensaios, com explicações sobre a peça/autor/período histórico/texto da música em questão. Antes essas informações eram passadas durante a aula, com essa estratégia conseguimos ganhar mais tempo de ensaio e estimular um "estudo" ao longo da semana (entre aspas porque era notável que o estudo das linhas não rolavam, mas eles liam as informações, procuravam gravações e etc)

*pro meio do primeiro semestre, com a definição dos cursos escolhidos por partes dos alunos, criamos grupos no whatsapp específicos para cada turma e um geral com todos eles. Os grupos foram:

Composição: a ideia desse grupo era separar os alunos de composição para experimentarem a escrita para grupos vocais. Além de ajudarem com a digitalização de partituras manuscritas (aprendendo, assim, a usarem vários recursos dos programas de edição de partitura). Houve bastante demanda para digitalizarem partituras (inclusive um dos alunos pediu mais material para digitalizar), porém apenas um aluno se voluntariou a escrever para voz, o que eu particularmente achei muito triste. Pois espera-se que alguém que vá prestar composição queira compor, ainda mais quando já existe um grupo disposto a cantar suas músicas.

Canto e Regência: A ideia desse grupo era formar um grupo vocal menor, regido pelos alunos de regência (com orientação nossa, é claro) para cantar as músicas do grupo de composição. Como os compositores não compuseram para esse grupo, acabou "miando" a ideia.

Instrumento: esse grupo foi feito para definir instrumentistas para tocarem com o coro na primeira apresentação Por um lado deu certo, pois alguns alunos de fato tocaram com o coro, por outro tivemos que sair correndo atrás de gente, pois não olhavam o grupo.

Licenciatura: esse grupo foi o mais dificil de aproximar do coro. A ideia foi de aproveitá-los como intermediários na comunicação coro-professores, assim poderíamos adaptar a dinâmica da aula aos grupos. Embora a ideia pareça boa, funcionou por duas semanas e depois parou de funcionar.

Geral: esse grupo foi criado como fonte alternativa de recados. Assim quem não lesse pelo facebook recebia avisos pelo whats e vice e versa.


Sobre o planejamento para o próximo ano

* Embora a ideia de fazer repertório do uníssono até a abertura a 4 vozes tenha sido muito bacana, a saída natural dos alunos ao longo do ano faz com que o coro já "instável" cante o repertório a 4 vozes, para o ano seguinte penso em tentarmos começar o ano já com repertório com divises e ir mesclando o numero de vozes. Assim espero conseguir um coro mais equilibrado cantando repertório a 4 vozes

* Como ensaiamos sempre com o piano, percebi que o coro ficava com menos som quando íamos passar a capella, rolava aquele "som de insegurança" na voz. Para melhorar isso e influenciar ainda mais a leitura dos alunos, pensamos em reduzir sequencialmente o uso do piano nos ensaios, até conseguirmos ensaiar sem o piano.

* Pensamos em criar um grupo de prática instrumental também, para aumentar o número de aulas práticas do cursinho e fazer um dia inteiro de pratica musical. Assim podemos ampliar a margem de repertório possível pois teríamos praticas de instrumento recorrentes

E é isso aí, primeiro relato do blog
Vejo vocês nos próximos
E assim foram mandados abraços
Augusto Girotto





Nenhum comentário:

Postar um comentário