Contexto:
Lembro exatamente como foi que comprei esse livro. Era janeiro e eu estava no terminal Tietê para pegar um ônibus para ir para Poços de Caldas - MG, onde eu faria parte do festival Música nas Montanhas (e acabasse aparecendo nessa entrevista). Cheguei um pouco em cima da hora no dia, mas próximo à escada que dava acesso às plataformas tinha uma espécie de feira com o anúncio "qualquer livro até R$10,00"... Valia a pena dar uma checada.
Vários dos livros não interessava muito, até ver este. Comprei para começar a ler durante a viagem.Descrição:
O livro se divide em 11 Partes
Introdução: Improvisando soluções
título auto explicativo
Abraçando o acaso
Essa parte conta histórias de jazzistas que, por algum motivo, ganharam um diferencial por alguma situação aleatória que eles aproveitaram (como a lenda de que Louis Armstrong "inventou" o scat quando, durante a gravação de uma canção ele se esquece da letra e continua com 'shoe-be-doe-be-doe)
Essa parte conta com histórias de:
Louis Armstrong
Miles Davis
Dizzy Gilespie
Art Blakey
Bill Evans * Luis Eça
Usando a imaginação
Segundo as palavras do próprio autor "(...) certos jazzistas foram além desse exercício em pontos cruciais da sua carreira: alcançaram, de certa forma, aquele momento de iluminação" Como a divertidíssima história de Raul de Souza que "Porra! Toquei para um búfalo, mas isso é incrível"
Conta com histórias de:
Bud Powell
Erroll Garner
Sonny Rollins
Raul de Souza
Paul Winter
Hermeto Pascoal
Bobby MacFerrin
Superando Adversidades
Nesta parte do livro, o autor reúne histórias de jazzistas que, por algum motivo, sofreram limitações em sua carreira. Como o guitarrista Django Reinhardt, que após um incêndio perdeu o movimento de alguns dedos da mão esquerda.
Conta com histórias de:
Django Reinhardt
Art Tatum (George Shearing, Lennie Tristano)
Rahsaan Roland Kirk
David Sanborn
Michel Petrucciani
Keith Jarret
Encontrando uma voz
Aqui, são reunidas histórias da busca de uma voz única dentro do jazz por alguns jazzistas. Como o inconfundível Louis Armstrong.
Estão presentes:
Louis Armstrong
Lester Young
Miles Davis
Chet Baker
Paul Desmond
Freddie Green
João Gilberto
Agilizando a mente
A sessão que mais se aproxima do título do livro, conta histórias dos músicos que tiveram que ser ágeis em soluções durante suas carreiras para dar outro passo para frente. Como toda a história de Bessie Smith demonstra.
Histórias de:
Fats Walker
Bessie Smith
George Gershwin
Rompendo Barreiras
Dentro de toda cultura, há algumas convenções que, a princípio, caracterizam para, logo em seguida, limitar. Tais barreiras precisam ser constantemente rompidas para o enriquecimento da música, como o caso de Thelonious Monk, que contrariava a tendência do bebop em improvisar usando muitas notas.
Nesta parte:
Sidney Bechet
Jelly Roll Morton
Coleman Hawkins
Charlie Parker
Thelonious Monk
Billie Holiday
John Coltrane
Ornette Coleman
Aprendendo a liderar
A figura do líder implica diversas qualidades: um olhar estratégico, ser bom na administração de seus funcionários, competência... entre outras. Nessa parte temos exemplos de músicos que fizeram isso como maestria, como por exemplo Duke Ellington que manteve sua big band ativa por décadas.
São exemplos:
Duke Ellington
Count Basie
Benny Goodman
Dizzy Gilepsie
Charles Mingus
Ultrapassando a morte
De certa forma, todos os falecidos músicos desse livro "ultrapassaram a morte" por serem lembrados até hoje. O livro foca, nessa parte, naqueles que em vida não tiveram seu reconhecimento, mas após a morte sua arte ultrapassou as barreiras do esquecimento (com exceção de Bessie Smith)
Conta com as histórias de:
Scott Joplin
Buddy Bolden
Bix Beiderbeckee
Bessie Smith
O jazz salvou minha vida
Neste trecho, o próprio autor conta sua história de como, após sofrer uma desilusão amorosa, pensou em se matar mas acabou mudando de ideia ao ouvir um saxofonista poucos momentos antes de cometer o suicídio e sua relação com o jazz durante sua vida.
Coda: o Jazz como exemplo para alcançar o sucesso
Neste trecho o autor usa os exemplos de diversos jazzistas mencionados no livro para dar dicas para a vida, aproveitando o título de cada parte do livro para dar um novo conselho.
Análise/ Comentários:
*Minha primeira impressão sobre o livro é de que era algum tipo de livro de auto-ajuda relacionado com o jazz, o que não me atraiu muito. Porém decidi dar uma folheada para ver do que se tratava e notei seu real conteúdo (embora as duas últimas partes do livro pareçam muito com livro de auto ajuda e, por esse motivo, acredito que sejam dispensáveis à leitura). Na verdade é um livro bem gostoso de se ler, leitura leve e fácil. Vários trechos são muito divertidos.
* Obviamente não pode ser muito levado em conta como um livro para estudar história da música, recomendo-o como livro para passar o tempo, daqueles que se leva na mochila para ler no ônibus ou ao esperar o tempo passar. Uma coisa muito boa é que o livro tem diversas "pausas", entre partes e entre artistas. O que faz com que você possa lê-lo aos poucos sem perder o raciocínio (pessoas como eu, que não conseguem fechar o livro enquanto não se conclui um capítulo, amam isso)
* Como dito anteriormente, os dois últimos capítulos me pareceram meio toscos. Embora tenha coisas interessantes na curta biografia que o autor apresenta, acredito que os principais pontos poderiam ser encaixados na introdução do livro. O último capítulo apresenta dicas um tanto quanto "genéricas" e me pareceu um pouco tosco e desnecessário. Poderia ser diluído entre todas as introduções de cada parte do livro sem o menor problema
*Outro ponto positivo é que não é muito pesado em linguagem musical, tornando o entendimento possível para músicos e leigos.
É isso aí, vale a leitura como passatempo
Um doe-be-doe-bea-braço
Augusto Girotto
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