sábado, 29 de novembro de 2014

Livro: Resumo da Ópera - A.S.Franchini

Livro: Resumo da Ópera - A.S.Franchini



CONTEXTO:


 Certa vez, fui com um brother em uma livraria procurar um presente para uma amiga minha. Estávamos fuçando a sessão de música quando vimos esse livro. Ambos nos interessamos, pois nenhum de nós dois conhecia muito dos enredos das óperas.
 Ao notar que só tinha um exemplar, fui checar o preço (por volta de R$50,00 na época) e, ao ver que era acessível, declarei: "é meu!"

DESCRIÇÃO:

 As óperas não fazem mais parte da "cultura de massa" como faziam antigamente, porém temos conhecimento da existência de várias delas. Quem, por exemplo, nunca ouviu falar de Fígaro? Ou da Carmem? Ou até mesmo do O Guarani?
 Entretanto, esse conhecimento é extremamente limitado por ainda ser uma cultura de difícil acesso, pois a produção de uma ópera é custosa. Necessita de estruturas e profissionais específicos, maior tempo de produção e etc...  
 Nesse contexto, o autor (A.S.Franchini) revela um pouco desse mundo transformando o enredo de 20 óperas em pequenas narrativas de fácil leitura.

RESUMO/COMENTÁRIOS:

 Como cada "capítulo" do livro é sobre uma ópera diferente, irei copiar a nota do autor sobre cada ópera junto com alguma música no youtube, não farei um resumo da história pois acredito que seja mais interesante que leiam o enredo das que se interessarem mais. Comento o que achei de cada história logo após.

 Fidélio:

  "Fidélio, de 1805, foi a única ópera de Beethoven.
   Ainda que alguns críticos considerem que a ópera não seja o melhor meio de expressão para o talento do célebre compositor alemão, a maioria admite que a sua única experiência no gênero possua qualidades incontestáveis.Para muitos, ela alcançou a estatura de obra-prima graças à grandiosidade do tema e aos voos líricos incomparáveis desse verdadeiro gênio musical.
    Fidélio tem uma trama simples e altamente melodramática, como manda a boa regra do gênero. Subintitulada "O amor conjugal", esta ópera exalta a conduta exemplar de uma esposa cuja devoção ao marido não se detém diante de nada, nem mesmo do sacrifício da sua própria vida. O enredo foi inspirado num fato real ocorrido durante a Revolução Francesa, dramatizado por Nicolas Bouilly. O elemento rocambolesco da troca de sexo - modo devotado pela esposa devotada para infiltrar-se na prisão onde jaz seu esposo - era um expediente muito usado nas dramas da época.
   Beethoven fez mais duas versões dessa ópera, já que a original tinha sido um completo fracasso. A última, de 1814, tornou-se finalmente um sucesso, sendo a mesma que, ainda hoje, circula pelos palcos"






 -Eu particularmente achei essa história muito divertida, imaginei que seria tão interessante como ópera, como uma peça de teatro, como série, como filme e etc... É o típico caso de "não tem como a situação ficar pior... ficou pior". Foi uma das minhas favoritas.

Norma:

 "A ópera Norma, baseada na tragédia Norma ou O infanticidio, do dramaturgo Louis Alexandre Soumet, constitui-se na verdade, na quarta versão de uma mesma obra. Soumet baseou sua peça num romance do ultrarromântico Chateaubriand, que, por sua vez, pescou o tema de Eurípedes. Norma, com efeito, é uma recriação do mito de Medeia, pois tal como na tragédia grega a heroína desta ópera também se vê enganada por um dominador estrangeiro e, louca de ciúmes, intenta vingar-se dele repetindo o mesmo crime hediondo perpetrado pela mítica amante de Jasão. Norma, porém, vivendo em tempos menos bárbaros, termina por dar um rumo mais nobre à sua ira.
  Vicenzo Bellini, apesar de ter vivido apenas 34 anos, compôs onze óperas, das quais Norma, estreada em 1831, tornou-se a mais famosa. Criada para causar "arrepios de horror", segundo a estética belliniana, ela é um típico exemplar do "bel canto", um tipo de ópera voltado à brílhatura vocal da protagonista (foi composta especialmente para Giuditta Pasta, uma das divas do canto lírico do século XIX). Sua ação transcorre na Gália, durante a ocupação romana, e se constitui, entre outras coisas, num veículo de exaltação do "glorioso passado druida" conforme preconizava o exotismo romântico da época."





 - Particularmente não achei a história dessa ópera nada demais... pode interessar pessoas que gostaram de livros como "Iracema". Particularmente senti falta de mais personalidade nas personagens.

  Carmen:

 "Uma das óperas mais populares de todos os tempos, Carmen é considerada também um uma das mais inovadoras. Seu formato eclético (que inclui, além do canto, diálogos falados) e o rema "realista" (tachado, na época, de imoral e vulgar) provocaram severas críticas, a ponto de a ópera tornar-se um verdadeiro escândalo. Além da insubmissa cantora de habaneras, Georges Bizet põe em cena coros entoados por meninos de rua, operárias e até mesmo foras da lei, como os contrabandistas do terceiro ato. Bizet  conseguiu introduzir quase tudo em sua obra-prima, desde a farsa mais alegre até a mais intensa tragédia, a ponto de transformá-la numa obra atípica do universo sisudo e esquemático das óperas tradicionais.
 Adaptada da famosa novela de Prosper Mérimée, Carmen estreou nos palcos franceses em 1875. Bizet jamais chegou a ver o reconhecimento público da sua ópera favorita, já que morreu três meses após sua mal recebida estreia, com apenas 37 anos de idade."








- Carmen foi um daqueles típicos casos em que conheci a música antes antes da obra. Tive contato com a suíte dessa obra no Festival Música nas Montanhas em janeiro de 2014, pois a sala de regência estudou também essa peça (além da 1ª suíte Peer Gynt de Grieg, Sinfonia Inacabada de Schubert e uma Sinfonnieta de Genzmer). Foi muito prazeroso ler a história dessa ópera pois sabia a música que a acompanhava em algumas cenas. Carmen e uma daquelas personagens que conquistam o leitor e, o enredo em geral, também.

 Pelléas e Mélisande:

Um dos marcos da música erudita moderna, a ópera Pelleas e Mélisande baseou-se na peça homônima de Maurice Maeterlinck. Foi a única ópera completa escrita por Claude Debussy, que levou oito anos para completá-la. A estreia deu-se sob um clima de controvérsia, já que Maeterlinck queria que sua amante desse escolhida para o papel principal. Debussy discordou, e a disputa foi parar nos tribunais. No fim das contas, o compositor venceu, e a estreia ocorreu a 30 de abril de 1902.

 Pelléas e Mélisande é uma ópera diferente das tradicionais, produto que é do modernismo francês de fins de século XIX. Onírica e antinaturalista, ela se passa numa época imprecisa, de contorno medieval. Debussy, desprezando o gosto popular, elimina as árias espalhafatosas da ópera tradicional, substituindo-as por duetos de um lirismo rarefeito e quase despojado de melodia, mais próximo do recitativo. A narrativa cênica também foge do convencional, composta por episódios desconexos, nos quais a correspondência simbólica assume o lugar da lógica causal e da investigação psicológica."





- Essa obra eu também tive contato antes do livro. Conheci Pelléas e Mélisande por acaso. Quando tinha acabado de ver um concerto na faculdade, minha professora de harmonia (uma das pessoas mais adoráveis que eu já conheci) chegou para mim e me disse que tinha 3 ingressos para o ensaio aberto dessa ópera no Teatro Municipal. Convidei dois dos meus amigos para ir comigo assistir.
 Eu sinceramente não gostei dessa ópera, lembro de ter sentido um tédio imenso durante a maior parte da apresentação. A história, a música (embora muitíssimo bem executada), os personagens... tudo me pareceu sem graça demais. Lendo o livro, percebi que muito do que acontece é simbólico e, talvez, eu tivesse gostado mais do que vi após conhecer um pouco mais da obra. Mas, ainda assim, não tenho muita vontade de revê-la, tem momentos que os personagens dão raiva por parecerem meio burros. Claro que não questiono o valor da obra e estou expressando exclusivamente meu gosto.


 Luccia di Lammermoor:

 " A ópera Lucia di Lammermoor baseia-se numa história do escritor escocês Sir Walter Scott, e teve sua estreia em setembro de 1835, no Teatro San Carlos, de Nápoles.

 Seu enredo é negro e folhetinesco, encaminhando-se desde o começo para a tragédia, que se completa na cena final com a morte do último integrante do triângulo amoroso fatal. A ambientação gótica de um castelo escocês envolto pela névoa e o elemento doentio da loucura completam o quadro desta que é, sem dúvida alguma, uma das óperas mais mórbidas da história.
  Donizetti foi um dos autores mais produtivos do seu tempo, tendo composto mais de setenta óperas, das quais Lucia di Lammermoor - um dos expoentes máximos do estilo "bel canto" - é talvez, a mais famosa. O elixir do amor e Don Pasquale são outros títulos sempre lembrados do compositor.
 Donizetti alterou a nomenclatura inglesa dos personagens, e é graças a isso que podemos ver personagens com nomes italianos num castelo escocês."






 - Outra das minhas histórias favoritas desse livro. Costumo gostar das histórias com um certo sabor macabro (como por exemplo os contos de Allan Poe) e, ainda mais, de músicas com essa pitada. Pois acredito que esse tipo de imagem leva o compositor a buscar sonoridades pouco convencionais. Algumas cenas dessa história (como  "a louca na escada") abrem margem para serem feitas de muitas formas interessantes. Fiquei com vontade de assistir após ler.


O elixir do amor:

 " Antes de realizar a sinistra Lucia di Lammermoor, Gaetano Donizetti compôs O elixir do amor, uma das óperas cômicas mais apreciadas de todos os tempos.

  O elixir do amor fez sua estreia em Milão, em 12 de maio de 1832. Como muitas das realizações bem-sucedidas, ela surgiu de um improviso: como o autor da ópera que estava programada para estrear nessa data atrasou a entrega da obra, Donizetti foi encarregado de criar uma ópera às pressas para ocupar o espaço. Aproveitando árias de outras óperas suas - dentre elas a famosa Una furtiva lacrima -, ele enxertou-as na sua nova obra
(que não era exatamente nova, sendo, na verdade, uma adapatação da ópera O filtro, composta dez anos antes por Daniel Auber).
  Tal como aconteceu com o personagem do barbeiro Fígaro na ópera de Rossini, o personagem secundário do dr.Dulcamara, fabricante do elixir que dá nome à ópera, acabou por se tornar o personagem mais amado pelo público, convertido em arquétipo de charlatão simpático."



 - De longe a minha história favorita. Muito, muito divertida. Várias passagens engraçadas e, como o autor do livro diz, o dr.Dulcamara é um personagem incrível. Ópera cheia de reviravoltas onde parece que todos sabem de tudo o que acontece... menos os personagens principais. Muito boa.

 O Guarani:

 "No dia 19 de março de 1870. estreou em Milão, no Teatro alla Scala, a ópera O guarani, do compositor brasileiro Antonio Carlos Gomes.

  Apesar de integrar, para muitos, o segundo escalão das grandes óperas universais, a obra de Carlos Gomes obteve, desde a sua estreia, uma boa aceitação, e continua a ser apreciada até hoje por muitos cultores do belo canto.
  Baseada no romance homônimo de José de Alencar, a história se adaptou muito bem aos palcos graças às peripécias rocambolescas da trama, centrada basicamente nos desafios  que o par romântico central deve superar para alcançar a felicidade. Os ingredientes a mais da ambientação exótica e do herói silvícola também contribuíram para enfeitiçar o público europeu, eterno apaixonado pelo mito do bom selvagem.
  Carlos Gomes fez algumas modificações no romance original, e uma das mais importantes foi a transformação do vilão Loredano, originalmente italiano, num aventureiro espanhol chamado Gonzáles, a fim de evitar constrangimentos na estréia. Quanto ao aspecto musical, Carlos Gomes inovou ao incluir uma cena de balé no terceiro ato, ousadia estilística que, segundo o cítico inglês Julien Budden, teria inspirado o compositor Verdi a fazer o mesmo em Aida, a sua ópera mais famosa.



 - Comecei a ler essa história curioso, pois já tinha ouvido falar um milhão de vezes sobre o guarani, já tive aulas sobre Carlos Gomes ano passado na faculdade e já tinha lido um romance do José de Alencar.  Gostei mais da história por conhecer tudo isso do que por ela em si. Em geral, foi agradável se "sentir em casa" lendo sobre. Fora isso, a impressão que me passou é que José de Alencar quis fazer uma versão alternativa de Iracema, pois as duas histórias se aproximam bastante.

Fausto:

 "Definida como uma versão "adocicada e doméstica" do drama imortalizado por Goethe, a ópera Fausto tornou-se um sucesso absoluto desde a sua estreia em 1859 - o que não impediu que o orgulho germânico, para não ver confundidas as duas obras, tivesse trocado o seu titulo, em terras alemãs, para Margarethe, o nome da heroína (que, na ópera original, recebe o nome afrancesado de Margarida).

 A verdade é que existem inúmeras versões da lenda do dr.Fausto, e as de Gounod e de Goethe são apenas mais duas que fluem a partir dessa lenda antiquíssima.
 Gounoud fez uma primeira versão bastante mais extensa do que aquela que se convencionou apresentar nos palcos, mas ela terminou encurtada durante os ensaios, favorecendo-se as peripécias trágicas do par central em detrimento dos (sic) divagações metafísicas que, nas versões mais literárias, são sempre o assunto principal - algo perfeitamente compreensível."




- Foi uma história divertida de se ler, com algumas situações engraçadas e imagens divertidas. Porém, não foi daquele tipo de história que marcou (tanto que quando li o titulo da ópera eu tive que dar uma folheada no capítulo para lembrar qual das histórias era aquela). O personagem que representa o diabo parece um daqueles "coadjuvantes adoráveis" assim como o dr.Dulcamara em "O elixir do amor"


Rinaldo:

 "Rinaldo fez sua estreia nos palcos ingleses em 1711.Escrita em italiano por um compositor nascido na Alemanha e radicado na Inglaterra, a ópera é uma curiosa mistura da exaltação italiana com o espírito beligerante inglês, temperada ainda pela névoa fantástica alemã. Haendel construiu sua ópera com base em episódios extraídos e recriados livremente de duas famosas obras italianas Jerusalém reconquistada, de Torquato Tasso, e o popularíssimo Orlando furioso, de Ludovico Ariosto.
  A trama de Rinaldo se desenrola durante a Primeira Cruzada - na verdade, um mero pano de fundo histórico para um enredo delirante, em que feiticeiras mouras montadas em carros puxados por dragões e sereias de vozes maviosas convivem normalmente com guerreiros sarracenos e cristãos empenhados em sua guerra santa pela posse de Jerusalém. Como se vê ao longo de toda a ópera, Haendel sentiu-se perfeitamente à vontade para recriar o clima feérico dos velhos contos de fadas medievais."





 - Essa, para mim, é a ópera "The Legend of Zelda". Uma guerra rolando, rola o rapto da princesa, o herói vai em sua salvação mas antes tem que enfrentar a bruxa má... viraria facilmente um jogo de plataforma. Como ainda não tinha Nintendo naquela época, o pessoal tinha que se contentar com as óperas =).


A Flauta Mágica:

   A flauta mágica, estreada em 1791, foi a última ópera escrita pelo compositor austríaco  Wolfgang Amadeus Mozart. Ela disputa, junto com Don Giovanni e As bodas de Fígaro, o título de ópera favorita dos admiradores do gênio de Salzburgo.

   Representante da ópera popular e do espírito iluminista, A flauta mágica tornou-se, desde a sua estreia, um sucesso absoluto. O enredo feérico e alegórico - com personagens de fábula vivendo peripécias fantásticas num ambiente exótico - aliado à música incomparável de um gênio inconteste garantem o fascínio desta verdadeira "lição de felicidade", como já foi definida esta ópera.
   Mozart e o libretista Emanuel Schikaneder se inspiraram em três outras obras - Oberon, rei dos Elfos de Wranitzky, Thamos, rei do Egito de Gebler, e Lulu ou A flauta mágica de Liebskind - para criarem sua própria obra,  na qual ainda injetaram vários elementos da crença maçônica. O resultado foi uma ópera ao mesmo tempo leve e profunda, permitindo vários níveis de leitura, que vão desde uma simples aventura até um tratado iniciático e filosófico.





- É uma obra com vários níveis de leitura... Mas como não sou culto o suficiente para os níveis mais profundos, considerei ela uma enorme brisa causada por dorgas. Me lembrou um pouco a atmosfera de Alice no país das maravilhas, uma grande viagem de chá de cogumelos.
  Uma vez, durante um concerto na faculdade, dois amigos cantores subiram ao palco durante um intervalo para cantar o dueto do Papageno com a Papagena. Como eu não manjava lhufas do repertório de ópera eu não fazia ideia do que estava acontecendo, mas mesmo assim eu achei a peça muito divertida. Ao ler a história, dei risadas nostálgicas daquele concerto.


La Gioconda:

"Difícil imaginar um autor subindo ao palco trinta vezes seguidas para ser ovacionado, mas foi exatamente isso o que aconteceu a Amilcare Ponchielli na noite de estreia de sua ópera La Gioconda, em 1876.

  Esse triunfo espetacular, porém, teve seu preço: ao longo dos anos e de diversas outras óperas realizadas, esta se tornaria a única a conquistar a posteridade.
  La Gioconda baseia-se numa peça ultrassentimental de Victor Hugo, e se tornou célebre, entre outras coisas, pela inclusão de um balé operístico, a Dança das Horas, que Walt Disney recriaria muitos anos depois, bem ao seu estilo surreal, no desenho animado Fantasia, de 1940.
 Apesar de abusar do melodrama e de situações absurdas, Ponchielli conseguiu agradar a todos os gostos, desde os conservadores até os inovadores, alcançando aprovação entusiástica de público e crítica."



 - Existe uma piada entre os músicos de que se você retirar os recitativos e árias de uma ópera, ela dura 10 minutos de história. Parte disso me parece ser verdade pois, como há um foco musical no gênero, o desenvolvimento literário acaba ficando em segundo plano. Isso faz com que algumas óperas fiquem cansativas por seus longos diálogos que não saem do lugar.
 Lendo essa história, tive a impressão do contrário, todo o enredo e desenvolvimento dos personagens me passaram a impressão de que é uma ópera com "assunto" para ser falado durante o decorrer da trama. Os personagens apresentam confusões e mudanças significativas de caráter devido às experiencias vividas. Muito bem escrita.

La Bohème:

  "La Bohème fez sua estreia no dia 1º de fevereiro de 1896. Baseada na obra Cenas da vida boêmia, do escritor Henri Murger, a ópera de Giacomo Puccini se insere perfeitamente no estilo "realista poético" que ele adotou para realizar as obras da maturidade. Tal como o Verdi de La Traviatta, Puccini quis desembaraçar a ópera italiana dos temas pomposos e pseudo-históricos que, ainda à sua época, eram considerados os mais apropriados ao gênero.

  Com La Bohème, "o músico das pequenas coisas" oferece ao público um drama sentimental sob o cenário singelo da boemia do Quartier Lantin, em meados do século XIX. Apesar da atmosfera patética, seu enredo não tem nenhuma peripécia extravagante, nem heróis grandiloquentes ou vilões perversos e astutos. Puccini deseja apenas que provemos das emoções de uma história de amor interrompida por culpa exclusiva da fatalidade trivial de uma doença.
  Graças ao seu extraordinário talento musical, Puccini conseguiu transformar este folhetim romântico aparentemente banal numa obra artística madura, serena e equilibrada.



 -Tomei contato com essa ópera durante as aulas de orquestração da faculdade. O professor (que é incrível e manja muito de ópera e música em geral) nos mostrou o início desse dueto e fez uma breve análise sobre os primeiros compassos, mostrando o porque de "arrepiarmos" ao ouvir a entrada da soprano com a volta ao tema. Achei incrível conhecer toda a história por traz da obra e, mais ainda, do dueto que tanto gostei. A trama toda é bem próxima de um dia-a-dia, o que deixa tudo mais bonito por nos identificarmos ainda mais com os personagens. A história mostra que um romance não precisa ser espalhafatoso para ser lindo.


Tosca:

 "Até aqui fui terno; agora serei cruel."

  Com essa frase viril, Giacomo Puccini estabelece a comparação entre a sua nova ópera e a lacrimosa La Bohème, composta quatro anos antes. Inspirada na sangrenta peça de Victorien Sardou, Tosca estreou em Roma, em 1900, e sua primeira representação se deu no clima ideal da própria trama, já que durante a apresentação a rainha e o primeiro-ministro italiano foram alvos de uma manifestação de protesto dos anarquistas e socialistas (Mais tarde circulou outra versão, dando conta de que os inimigos de Puccini espalharam o boato de que havia uma bomba no teatro).
   Puccini afirmou que Tosca foi escrita por Deus, e só depois reescrita por ele (na verdade, quem escreveu o libretto foram dois outros autores). Seja como for, fica difícil imaginar o Ser Supremo entregue à tarefa de exaltar a figura de Napoleão, o cônsul francês que, num futuro não muito distante, iria submeter o papa à humilhação pública de coroá-lo imperador.
   Quanto ao aspecto técnico, Puccini absorveu as lições de Wagner, conferindo à orquestração um valor fundamental, tendo-lhe adotado inclusive a técnica do leitmotiv - tema recorrente específico de um personagem ou situação - a fim de intensificar o apelo emocional da trama. Além disso, criou árias de extraordinária pungência lírica. A famosíssima "E lucevan le stelle" continua a ser presença obrigatória em qualquer coletânea das melhores árias de todos os tempos."





    -Embora não tenha muito a ver, a história dessa ópera me lembrou um pouco "O corcunda de Notre Dame", um dos meus filmes favoritos da Disney durante minha infância. A contextualização histórica, a singularidade de cada personagem e a reviravolta no desfecho fazem dessa ópera, no mínimo, curiosa. Por sorte, ela está sendo apresentada no Teatro Municipal e ainda pretendo ver para conhecê-la melhor
(PS: os ingressos tinham se esgotado quando fui tentar comprar T.T)

O barbeiro de Sevilha:

   "Obra prima da ópera bufa, O barbeiro de Sevilha foi composta, segundo o autor, em apenas onze dias. O fato de ter utilizado material de outras obras suas ajuda a explicar tamanha rapidez, embora ele fosse naturalmente prolífico - em menos de duas décadas, Rossini compôs 39 óperas.

    O barbeiro de Sevilha, que é baseado numa peça de Beaumarchais, fez sua estreia em fevereiro de 1816. A primeira apresentação resultou num completo fiasco. Ao que parece, uma série de incidentes provocados pelos rivais do autor ajudou a prejudicar a encenação (eles eram fãs de um certo Paisiello, que já havia levado aos palcos, 35 anos antes, a mesma ópera).
    Alguns desses incidentes, porém, foram obra do azar ou do imprevisto, como a queda num alçapão do cantor que interpretava o personagem Basílio - ele teve de cantar a "ária da calúnia" com algodões no nariz. Outro fato involuntariamente cômico foi a presença no palco de um gato, que passou todo o final do primeiro ato miando e roçando-se nas pernas dos cantores.
    A persistência de Rossini, no entanto, fez com que O barbeiro de Sevilha se convertesse, em pouco tempo, numa das óperas mais populares de todos os tempo.




  Conheci O barbeiro de Sevilha através daquela coleção de óperas da Folha. Na época eu namorava uma moça que deixou este cd comigo por um tempo e eu passei a tarde inteira ouvindo. Ao ouvir a música e, agora, ler a história em forma de conto eu finalmente consegui entender o porque de trechos dessa ópera aparecer tantas vezes em desenhos animados.
   A ópera toda poderia facilmente se passar em um curta metragem com a turma do Pernalonga ou do Tom & Jerry (inclusive, estes desenhos já fizeram paródias dessa ópera) por causa das soluções comicamente idiotas que os personagens acham para resolver os problemas na história do casal.  O final resolve a trama de forma tão "simples" que poderia resolver a trama de várias outras óperas deste livro. O personagem Fígaro é muito carismático, entrando no grupo dos "coadjuvantes adoráveis" junto com o dr.Dulcamaro (o elixir do amor) e o Mefisto (Fausto).

Salomé:

 "Baseada na peça teatral do célebre escrito inglês Oscar Wilde, Salomé é a ópera mais famosa do compositor alemão Richard Strauss, que viveu entre 1864 e 1949.

  Ópera expressionista por excelência, Salomé faz jus ao estilo polêmico do seu criador, investindo no escândalo e no exagero, chegando mesmo a beirar, em certos momentos, as raias da extravagância. Consta que a soprano Marie Wittich chegou a se recusar a interpretar certas cenas mais impactantes da ópera por julgá-las impróprias a uma "mulher decente".
   Em termos musicais, Strauss também ousou bastante. Além de fazer uso de vozes expressivas, o compositor privilegiou a orquestração, dando contornos verdadeiramente sinfônicos
 à representação cênica. Outro aspecto original da ópera é a sua verossimilhança temporal: sua ação transcorre num único ato, no tempo exato do banquete no palácio do rei Herodes.
   Apesar das ousadias temáticas e formais, a ópera foi um sucesso imediato - desde a sua estréia, em novembro de 1905- e assim permanece até os dias de hoje."



 É uma história realmente surpreendente. Enquanto eu lia eu só pensava que tudo ia bem até.... uau! Que mudança absurda (quase animalesca) da personagem principal. A "solução" para o amor não correspondido encontrada lembra os traços psicopatas da personagem de Luccia de Lammermoor. É uma papel bem forte, uma ópera bem impactante... Não creio que seja muito fácil de vê-la por aí =]


Eugene Onegin:

"Baseado no poema homônimo de Pushkin, Eugene Onegin teve sua estreia no dia 29 de março de 1879, no Teatro Maly de Moscou. O enredo relata, basicamente, a jornada arquétipa de um vaidoso, desde o momento em que é forte o bastante para desprezar até o instante em que deve confrontar-se, ele próprio, com o desprezo.

  Apesar de Tchaikovsky pertencer a um grupo de músicos que advogava o cosmopolitismo musical - ao contrário dos nacionalistas intransigentes, que preferiam tratar apenas de assuntos russos e eslavos -, Eugene Onegin não escapou de ser, ela também, uma ópera tipicamente russa, repleta de temas musicais extraídos de canções populares. O enredo também expressa a paixão russa pelo estudo psicológico, desenvolvido ao longo dos diálogos e das cismas interiores dos personagens..
  Eugene Onegin é uma ópera intimista, sem heróis nem vilões, na qual o que realmente interessa é a investigação atento do "mínimo e do escondido", como dizia o maior dos nossos cismadores.



 Eu apelidaria essa de "a ópera da auto-ajuda", pois sua história é bem próxima daquelas mensagens de facebook estilo "vc pisou em mim... agora me quer"  e mimimi... O texto em si tem seus valores, o desenvolvimento dos personagens e alguns diálogos legais.... Mas não tira o clima "novela da tarde" que a história passa. De qualquer forma, tenho vontade de assistí-la por ser obra do grande Tchaikovsky.

Tristão e Isolda:

  "A lenda medieval de Tristão e Isolda, de origem celta, peregrinou muito tempo por toda a Europa até alcançar a Alemanha. Sendo uma das lendas mais populares de todos os tempos, recebeu inúmeras versões, das quais a ópera de Richard Wagner é, até hoje, uma das mais famosas.

   Wagner, entretanto, tal como apreciava fazer nas suas adaptações operísticas, modificou bastante a lenda original, podando-a à vontade, a ponto de deixar em cena apenas o que considerava essencial à densidade dramática. A ópera começa com a história já no meio, quando, Tristão, a pedido do seu tio, conduz a jovem Isolda até Cornualha, numa viagem por mar.
   Privada da maior parte das peripécias do enredo original, a ação ficou visivelmente prejudicada, resumida aos longos discursos nos quais os amantes reafirmam insistentemente a sua obsessão de alcançarem um "amor noturno" que transcenda a própria vida. Apesar disso, Wagner conseguiu tornar sua ópera tão extensa quanto a maioria das que realizou, preenchendo o enredo sucinto com árias longuíssimas e o seus característicos "voos orquestrais", de grandeza apoteótica.
  Wagner, talvez fiel ao verdadeiro espírito da ópera, privilegiou a música em detrimento do enredo.




 -Desde que entrei na faculdade eu não paro de ouvir falar sobre "O acorde de Tristão" que Wagner usa na abertura dessa ópera. Ele é tratado como se fosse algum tipo de "acorde deus" ou algo do tipo mas nunca foi comentado sobre a ópera em si. A história, embora enxugada (como o autor do livro diz), é bonita. Segue um pouco o arquétipo de trama de casal das outras óperas do livro, mas a forma como os personagens lidam com isso é bonita, principalmente a forma que decidem morrer. Pena que o livro só conta a história da ópera e não da lenda inteira.

 A valquíria (O anel dos nibelungos):

    A valquíria é a segunda parte da tetralogia O anel dos nibelungos, obra máxima do compositor alemão Richard Wagner. Esta ópera teve sua estreia em 1870, em Munique, e se constitui na mais apreciada das quatro partes do ciclo do Anel.

   Wagner se inspirou nos mitos escandinavos e germânicos para compor esta saga monumental, da qual tomam parte homens, deuses e seres fantásticos: juntas, as quatro óperas somam mais de dezesseis horas de um megaespetáculo que o compositor chamou de "obra de arte total", em razão de todas as artes ali se fazerem representar.
   Wagner é um caso raro de artista que pôde equilibrar sua obra de maneira elaborada e tranquila, à sombra da proteção oficial dispensada por Ludwig II, o soberano excêntrico da Baviera que mandou erguer um teatro exclusivo para as apresentações das óperas desse autor. Graças a isso, Wagner teve tempo de sobra - cerca de 26 anos - para elaborar, com todo o cuidado, a sua saga do Anel.



   -Tomei contato com a existência dessa ópera quando fui ver uma apresentação teatral baseada na história das duas últimas óperas da saga (Siegfried e o crepúsculo dos deuses) em um teatro na paulista.  De cara, já gostei do enredo pelas referências mitológicas (curto muito mitologia grega, nórdica, chinesa e etc...) e por imaginar uma ópera que falava de dragões valquírias (eu era tão mané nesse mundo que achava que as histórias de todas as óperas se resumiam a amores platônicos).
    Ao ler o livro, consegui ter uma noção da história inteira por causa da atitude do autor de escrever, além da história da ópera mencionada, a história das demais óperas da saga. Achei incrível, poderia virar um filme, um anime, uma HQ, um jogo... qualquer coisa. A história por si só se sustenta sozinha. Recomendo a leitura.

  Aida:

  "Uma das óperas mais famosas de todos os tempos, Aida foi composta por encomenda do governo egípcio para celebrar a inauguração do Canal de Suez, em 1869. Verdi, porém, criou tantos empecilhos ao planejamento que a ópera só foi estrear no Cairo dois anos após a inauguração do canal.

   Aida é considerada até hoje como o exemplar máximo do gênero "Grande ópera", um tipo de representação caracterizado pela produção requintada, que muitas vezes degenerava em mera ostentação visual. No correr dos anos, as representações de Aida foram se tornando cada vez mais suntuosas, ao ponto dos produtores colocarem no palco cavalos e até mesmo elefantes de verdade.
   Aida, como superespetáculo que é, possui desde árias, recitativos, coros de majestosa orquestração  até balés suntuosos, estando o seu conjunto bem próximo da "obra de arte total" preconizada por Wagner. Verdi, porém, souber mesclar com mão de mestre a suntuosidade com a sensibilidade, reduzindo ao mínimo o histerismo das brilhaturas vocais a fim de dar tons mais humanos e intimistas às reações dos personagens."




 - Mais uma história que envolve mitologia, dessa vez Egípcia. Inclusive,  a única coisa que me interessou nessa história foi a presença da mitologia egípcia (que nem é explorada... os deuses são apenas citados) o restante da história foi extremamente previsível... como se pegassem o arquétipo das tensões amorosas entre personagens de ópera e jogassem todos eles no Egito.


   La Traviata:

  "Com o título ousado, para a época, de "A desviada" (ou La traviata, como estamos habituados a conhecê-la), a ópera de Giuseppe Verdi estreou em Veneza, em março de 1853.

   La traviata basea-se na peça A dama das camélias, de Alexandre Dumas filho,  um dramalhão lacrimoso que fala da redenção do pecado através do mais puro e desinteressado amor (o que não o impediu de ser tachado de imoral pela crítica conservadora francesa, inconformada pelo fato de a heroína ser uma prostituta, mesmo que virtuosa da primeira à ultima cena). Situando a trama na sua própria época - a ação transcorre nos idos de 1800 -, Verdi deu-lhe uma formatação intimista e muito distante da grandiloquência cênica que caracterizaria a sua megaópera Aida, de alguns anos depois.
   A primeira apresentação de La traviata foi um fracasso - em boa parte devido à cantora obesa que, interpretando o papel-titulo, não conseguiu convencer no papel da cortesã frágil, à beira da morte. A partir da segunda apresentação, porém, a ópera começou a conquistar o coração do público, a ponto de ser considerada hoje uma das mais populares de todos os tempos."





- Divertida e dramática na medida certa, embora o clichê "casal afastado - casal junto - casal afastado" aconteça novamente, a forma que isso acontece é interessante. Além disso, a personagem principal lembra um pouco uma "Carmen com mais peso na consciência". Ambas as personagens são fortes e completas, a diferença é que o amante de Violetta reage diferente do esperado à separação, o que leva para um final interessante.

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