Invenção a 2 vozes nº1 - Johann Sebastian Bach

Invenção a 2 vozes nº1 - Johann Sebastian Bach

Contexto:

Essa peça foi uma das peças escolhidas pela minha professora de Piano Complementar da Emesp para fazer parte da minha prova de final de ano. Aproveitei que a prova foi próxima do "renascimento" do blog para gerar conteúdo.


Descrição/ Análise:

 Sobre a forma:

Ao meu ver, essa peça possui 3 partes. Sendo a primeira do c.1 ao c.6, a segunda do c.7 ao c.14 e a terceira do c.15 até o final da peça.

Sobre o desenvolvimento harmônico: 

Harmonicamente, as 3 partes funcionam de forma muito similar. Todas elas começam mostrando o motivo principal da peça em uma tonalidade e usam uma progressão harmônica para encerrar a sessão no centro tonal da parte seguinte. Na parte A, os c.1 e c.2 mostram o motivo principal da peça na tonalidade da música (Dó maior) e, nos 4 compassos seguintes, faz uma progressão harmônica para chegar na região da dominante (Sol maior).

 Na parte B, os c. 7 e 8 servem para reapresentar o motivo principal da peça na região da dominante, os compassos 9 e 10, ao meu ver, servem para mostrar esse motivo invertido mais claramente (mesmo que ele já tenha sido invertido na sessão A, é mais difícil perceber a inversão por fazer parte da progressão harmônica), tal apresentação é necessária para que a reapresentação do motivo invertido (na sessão C) fique mais evidente. Os compassos seguintes de B formam outra progressão harmônica, desta vez levando à região da tônica relativa (Lá menor).

Na parte C, os compassos 15 a 18, comparam o motivo original com o motivo invertido. Em seguida fazem uso de outra progressão harmônica para retornar à região da tônica.

Sobre o desenvolvimento dos motivos:

Basicamente todas as notas escritas nesta invenção são baseadas no motivo principal da peça. Creio que não seja necessário eu descrever todo o processo, pois já tem no youtube um vídeo bem bacana e didático sobre o assunto:

 O único comentário que eu faria para acrescentar a análise do vídeo é que o material melódico chamado de "countermotive" é, na verdade, o mesmo motivo principal "enxugado". O salto de 4ª é um resumo da escala em graus conjuntos até o 4º grau e a bordadura sobre a tônica é uma aproximação do delineamento melódico do motivo de terças descendentes.

Dificuldades/ Soluções:

*Para mim, a maior dificuldade técnica que tive ao estudar esta música foram os mordentes indicados na partitura, pois para mim era difícil realizá-los sem atrasar o tempo do fraseado da outra mão. Como estudo, estudei a música primeiro sem os ornamentos, para entender a alternância dos temas primeiro. Definir a digitação da ornamentação facilitou bastante para o progresso.

*A leitura da peça é um pouco chata também, pois como da a sensação de "tudo igual" enquanto se estuda, várias vezes tendemos a tocar notas erradas ou se perder por desatenção. Principalmente durante as progressões harmônicas. Neste sentido, a análise formal/ harmônica da peça ajudou bastante, pois ao saber que determinada progressão levava até determinado centro tonal, o ouvido ajudava a indicar a hora de terminar a sessão.

*Outro ponto trabalhoso foi definir o fraseado da peça, pois como todas as frases saem do mesmo motivo, uma das formas de criar uma interpretação lógica é usar a mesma ideia toda vez que aquele motivo se repetisse. Pensando no piano, pensei o motivo dos graus conjuntos com um crescendo e o motivo de terças com um leve decrescendo. Busquei também "correr"  e crescer um pouco nas progressões para enfatizar a tensão harmônica criada e busquei ralentar no final de cada sessão para separá-las um pouco mais. Na versão "para piano" eu toquei um pouco mais lento para que eu pudesse escutar melhor se as inflexões estavam saindo. Na versão "para cravo" eu toquei mais rápido porque não teria como fazer dinâmica mesmo.

É isso aí, espero que tenha servido para algo.
Nos vemos em breve :D
Abraço nº1
Augusto Girotto